terça-feira, novembro 06, 2007

Crise na Europa

2007-10-26 – Ciência Hoje

A Europa é incapaz de voltar a produzir "Platões, Mozarts ou Bachs" - afirma George Steiner
O crítico e ensaísta George Steiner considera que a Europa está a atravessar uma crise cultural tão profunda que será incapaz de voltar a produzir "Platões, Mozarts ou Bachs", que aparecerão noutros locais do planeta, como a Índia ou a China.
"A Europa está muito, muito cansada. Quando a crise do Kosovo começou a Europa teve de ir a correr para a América a pedir ajuda e a América teve de vir outra vez resolver esta pequena crise, porque nem teve vontade política de varrer a sua própria sujidade", disse Steiner à margem da conferência "A Ciência terá limites?", que ontem começou na Fundação Calouste Gulbenkian.
"Não faz mal, tivemos dois mil anos interessantes e ninguém prometeu que isto durava para sempre", referiu Steiner, considerando que a Europa está em tão mau estado que ninguém pode estar optimista. Mas "outras civilizações irão ocupar o seu lugar e para os mais novos irá ser muito excitante", ressalvou. O ensaísta realçou que as igrejas vazias "são um símbolo do fim do cristianismo clássico" numa Europa que enfrenta hoje uma grande crise de esperança. "Desde a revolução francesa que a esperança tem estado sempre à esquerda. Mas hoje não há mais esquerda na Europa. O que os jovens vão querer? Vão querer dinheiro! A Europa actualmente é o cheiro do dinheiro, que é tão sufocante e pode vir a ser um grande Macau ou uma explosão enorme", afirma. A crise na cultura, por outro lado, levará a uma crise na ciência. "A seguir à religião algo virá, porque as pessoas têm dificuldade em viver na solidão, mas o que me assusta é que deste vazio saia o que é ´kitch`, ou o futebol", que considerou a actual grande religião. "Maradona substituiu Pascal", referiu. Com esta crise, disse Steiner, "não haverá mais Platões, nem mais Mozarts ou Bachs na Europa". "Eles vão aparecer na Índia ou noutros locais do planeta, mas não na Europa. É a vez deles", considerou. "Vou dizer uma coisa que vai deixar zangada muita gente: uma civilização que mata os seus judeus não recupera", disse ainda Steiner. Para o ensaísta, a chave para combater este quadro em que "a irracionalidade, a astrologia, o lixo 'new age' estão a flutuar nas nossas vidas", é o Ensino. "Até a nossa sociedade mudar e apoiar os professores, nada de bom acontecerá", salientou. A conferência "A Ciência terá limites?" termina hoje na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, com a participação de conceituados cientistas das mais diversas áreas e nacionalidades. Além do ensaísta George Steiner, estão presentes os professores e cientistas Dieter Lüst, Peter Woit, Gerald Edelman, Wolf Singer, Luís Alvarez-Gaumé, Lewis Wolpert, Helga Nowotny, Eörs Szathmáry, John Horgan, Freeman Dyson, Laura Bossi e Jean-Pierre Luminet, com sessões presididas pelos cientistas nacionais Gustavo Castelo Branco, Luís Moniz Pereira, João Ferreira de Almeida, Maria do Carmo Fonseca, António Coutinho e João Caraça.
George Steiner
Natural de Paris (1929), George Steiner radica-se nos Estados Unidos em 1940. Nos anos cinquenta foi membro da equipa editorial do The Economist em Londres, iniciando a sua carreira académica mais tarde, em 1956, no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de Princeton. Desde então, Steiner tem leccionado em diversas universidades como a de Yale, Oxford, New York e Genève. Hoje ensina nas Universidades de Oxford, Harvard e Cambridge.

quinta-feira, julho 26, 2007

Contra o medo, liberdade

In Público de 24.07.2007
A crítica é olhada com suspeita, o seguidismo transformado em virtude
Contra o medo, liberdade
24.07.2007 - 23h15 , Manuel Alegre

Nasci e cresci num Portugal onde vigorava o medo. Contra eles lutei a vida inteira. Não posso ficar calado perante alguns casos ultimamente vindos apúblico. Casos pontuais, dir-se-á.Mas que têm em comum a delação e a confusão entre lealdade e subserviência.Casos pontuais que, entretanto, começam a repetir-se. Não por acaso ou coincidência. Mas porque há um clima propício a comportamentos com raízesprofundas na nossa história, desde os esbirros do Santo Ofício até aos bufosda PIDE. Casos pontuais em si mesmos inquietantes. E em que é tão condenável a denúncia como a conivência perante ela.Não vivemos em ditadura, nem sequer é legítimo falar de deriva autoritária.As instituições democráticas funcionam. Então porquê a sensação de que nemsempre convém dizer o que se pensa? Porquê o medo? De quem e de quê? Talvez os fantasmas estejam na própria sociedade e sejam fruto da inexistência deuma cultura de liberdade individual.Sottomayor Cardia escreveu, ainda estudante, que "só é livre o homem queliberta". Quem se cala perante a delação e o abuso está a inculcar o medo. Está a mutilar a sua liberdade e a ameaçar a liberdade dos outros. Ora issoé o que nunca pode acontecer em democracia. E muito menos num partido como oPS, que sempre foi um partido de homens e mulheres livres, "o partido sem medo", como era designado em 1975. Um partido que nasceu na luta contra aditadura e que, depois do 25 de Abril, não permitiu que os perseguidos setransformassem em perseguidores, mostrando ao mundo que era possível passar de uma ditadura para a democracia sem cair noutra ditadura de sinalcontrário.Na campanha do penúltimo congresso socialista, em 2004, eu disse que haviamedo. Medo de falar e de tomar livremente posição. Um medo resultante da dependência e de uma forma de vida partidária reduzida a seguir osvencedores (nacionais ou locais) para assim conquistar ou não perderposições (ou empregos). Medo de pensar pela própria cabeça, medo dediscordar, medo de não ser completamente alinhado. No PS sempre houve sensibilidades, contestatários, críticos, pessoas que não tinham medo dedizer o que pensam e de ser contra quando entendiam que deviam ser contra.Aliás, os debates desse congresso, entre Sócrates, eu próprio e João Soares, projectaram o PS para fora de si mesmo e contribuíram em parte para avitória alcançada nas legislativas. Mas parece que foram o canto do cisne.Ora o PS não pode auto-amordaçar-se, porque isso seria o mesmo que estrangular a sua própria alma.Há, é claro, o álibi do Governo e da necessidade de reduzir o défice pararespeitar os compromissos assumidos com Bruxelas. O Governo é condicionado aaplicar medidas decorrentes de uma Constituição económica europeia não escrita, que obriga os governos a atacar o seu próprio modelo social,reduzindo os serviços públicos, sobrecarregando os trabalhadores e asclasses médias, que são pilares da democracia, impondo a desregulação e a flexigurança e agravando o desemprego, a precariedade e as desigualdades.Não necessariamente por maldade do Governo. Mas porque a isso obriga o Pactode Estabilidade e Crescimento (PEC) conjugado com as Grandes Orientações de Política Económica. Sugeri, em tempos, que se deveria aproveitar apresidência da União Europeia para lançar o debate sobre a necessidade derever o PEC. O Presidente Sarkozy tomou a iniciativa de o fazer. Gostei de ouvir Sócrates a manifestar-se contra o pensamento único. Mas é este quecondiciona e espartilha em grande parte a acção do seu Governo.Não vou demorar-me sobre a progressiva destruição do Serviço Nacional de Saúde, com, entre outras coisas, as taxas moderadoras sobre cirurgias einternamentos. Nem sobre o encerramento de serviços que agrava adesertificação do interior e a qualidade de vida das pessoas. Nem sobre aproposta de lei relativa ao regime do vínculo da Administração Pública, quereduz as funções do Estado à segurança, à autoridade e às relaçõesinternacionais, incluindo missões militares, secundarizando a dimensãoadministrativa dos direitos sociais. Nem sobre controversas alterações aoestatuto dos jornalistas em que têm sido especialmente contestadas acrescente desprotecção das fontes, com o que tal representa de risco para a liberdade de imprensa, assim como a intromissão indevida de personalidades eentidades na respectiva esfera deontológica. Nem sobre o cruzamento de dadosrelativos aos funcionários públicos, precedente grave que pode estender-se a outros sectores da sociedade. Nem ainda sobre a tendência privatizadora que,ao contrário do Tratado de Roma, onde se prevê a coexistência entre opúblico, o privado e o social, está a atingir todos os sectoresestratégicos, incluindo a Rede Eléctrica Nacional, as Águas de Portugal e opróprio ensino superior, cujo novo regime jurídico, apesar das alteraçõesintroduzidas no Parlamento, suscita muitas dúvidas, nomeadamente no que respeita ao princípio da autonomia universitária.Todas estas questões, como muitas outras, são susceptíveis de ser discutidase abordadas de diferentes pontos de vista. Não pretendo ser detentor daverdade. Mas penso que falta uma estratégia que dê um sentido de futuro e de esperança a medidas, algumas das quais tão polémicas, que estão a afectartanta gente ao mesmo tempo. Há também o álibi da presidência da UniãoEuropeia. Até agora, concordo com a acção do Governo. A cimeira com o Brasil e a eventual realização da cimeira com África vieram demonstrar quePortugal, pela História e pela língua, pode ter um papel muito superior aodo seu peso demográfico. Os países não se medem aos palmos. E ao contrário do que alguém disse, devemos orgulhar-nos de que venha a ser Portugal, emvez da Alemanha, a concluir o futuro Tratado europeu. Parafraseando umbiógrafo de Churchill, a presidência portuguesa, na cimeira com o Brasil, recrutou a língua portuguesa para a frente da acção política. Merece o nossoaplauso.Oque não merece palmas é um certo estilo parecido com o que o PS criticounoutras maiorias. Nem a capacidade de decisão erigida num fim em si mesma, quase como uma ideologia. A tradição governamentalista continua a imperar emPortugal. Quando um partido vai para o Governo, este passa a mandar nopartido, que, pouco a pouco, deixa de ter e manifestar opiniões próprias. A crítica é olhada com suspeita, o seguidismo transformado em virtude.Admito que a porta é estreita e que, nas circunstâncias actuais, asalternativas não são fáceis. Mas há uma questão em relação à qual o PS jamais poderá tergiversar: essa questão é a liberdade. E quem diz liberdadediz liberdades. Liberdade de informação, liberdade de expressão, liberdadede crítica, liberdade que, segundo um clássico, é sempre a liberdade de pensar de maneira diferente. Qualquer deriva nesta matéria seria para o PSum verdadeiro suicídio.António Sérgio, que é uma das fontes do socialismo português, prezava o seu"querido talvez" por oposição ao espírito dogmático. E Antero de Quental chamava-nos a atenção para estarmos sempre alerta em relação a nós próprios,porque "mesmo quando nos julgamos muito progressistas, trazemos dentro denós um fanático e um beato". Temo que actualmente pouco ou nada se saiba destas e doutras referências.Não se pode esquecer também a responsabilidade de um poder mediático queorienta a agenda política para o culto dos líderes, o estereótipo e oespectáculo, em detrimento do debate de ideias, da promoção do espírito crítico e da pedagogia democrática. Tenho por vezes a impressão de quecertos políticos e certos jornalistas vivem num país virtual, sem povo, semhistória nem memória.Não tenho qualquer questão pessoal com José Sócrates, de quem muitas vezes discordo mas em quem aprecio o gosto pela intervenção política. O que ponhoem causa é a redução da política à sua pessoa. Responsabilidade dele? Averdade é que não se perfilam, por enquanto, nenhumas alternativas à sua liderança. Nem dentro do PS nem, muito menos, no PSD. Ora isto não é bompara o próprio Sócrates, para o PS e para a democracia. Porque é emsituações destas que aparecem os que tendem a ser mais papistas que o Papa. E sobretudo os que se calam, os que de repente desatam a espiar-se uns aosoutros e os que por temor, veneração e respeitinho fomentam o seguidismo e omedo.Sei, por experiência própria, que não é fácil mudar um partido por dentro. Mas também sei que, assim como, em certos momentos, como fez o PS no verãoquente de 75, um partido pode mobilizar a opinião pública para combatesdecisivos, também pode suceder, em outras circunstâncias, como nas presidenciais de 2006 e, agora, em Lisboa, que os cidadãos, pela abstençãoou pelo voto, punam e corrijam os desvios e o afunilamento dos partidospolíticos. Há mais vida para além das lógicas de aparelho. Se os principais partidos não vão ao encontro da vida, pode muito bem acontecer que arecomposição do sistema se faça pelo voto dos cidadãos. Tanto no sentidopositivo como negativo, se tal ocorrer em torno de uma qualquer deriva populista. Há sempre esse risco. Os principais inimigos dos partidospolíticos são aqueles que, dentro deles, promovem o seu fechamento e impedema mudança e a abertura.Por isso, como em tempo de outros temores escreveu Mário Cesariny: "Entre nós e as palavras, o nosso dever falar." Agora e sempre contra o medo, pelaliberdade.

segunda-feira, junho 18, 2007

Omenagem à hortografia

Omenagem à hortografia Francisco José Viegas, Escritor

Asenhora menistra da Educação açegurou ao presidente da República que, em futuras provas de aferissão do 4.º e do 6.º anos de iscolaridade, os critérios vão ser difrentes dos que estão em vigor atualmente. Ou seja os erros hortográficos já vão contar para a avaliassão que esses testes pretendem efetuar. Vale a pena eisplicar o suçedido, depois de o responçável pelo gabinete de avaliassões do Menistério da Educação ter cido tão mal comprendido e, em alguns cazos, injustissado. Quando se trata de dar opiniões sobre educassão, todos estamos com vontade de meter o bedelho. Pelo menos. Como se sabe, as chamadas provas de aferissão não são izames propriamente ditos limitão-se a aferir, a avaliar - sem o rigôr de uma prova onde a nota conta para paçar ou para xumbar ao final desses ciclos de aprendizagem. Servem para que o menistério da Educação recolha dados sobre a qualidade do encino e das iscólas, sobre o trabalho dos profeçores e sobre as competênssias e deficiênçias dos alunos. Quando se soube que, na primeira parte da prova de Português, não eram levados em conta os erros hortográficos dados pelos alunos, logo houve algumas vozes excandalisadas que julgaram estar em curso mais uma das expriências de mudernização do encino, em que o Menistério tem cido tão prodigo. Não era o caso porque tudo isto vem desde 2001. Como foi eisplicado, havia patamares no primeiro deles, intereçava ver se os alunos comprendiam e interpetavam corretamente um teisto que lhes era fornessido. Portantos, na correção dessa parte da prova, não eram tidos em conta os erros hortográficos, os sinais gráficos e quaisqueres outros erros de português excrito. Valorisando a competenssia interpetativa na primeira parte, entendiasse que uma ipotetica competenssia hortográfica seria depois avaliada, quando fosse pedido ao aluno que escrevê-se uma compozição. Aí sim, os erros hortográficos seriam, digamos, contabilisados - embora, como se sabe, os alunos não sejam penalisados: á horas pra tudo, quer o Menistério dizer; nos primeiros cinco minutos, trata-se de interpetar; nos quinze minutos finais, trata-se da hortografia. Á, naturalmente, um prublema, que é o de comprender um teisto através de uma leitura com erros hortográficos. Nós julgáva-mos, na nossa inoçência, que escrever mal era pensar mal, interpetar mal, eisplicar mal. Abreviando e simplificando, a avaliassão entende que um aluno pode dar erros hortográficos desde que tenha perssebido o essencial do teisto que comenta (mesmo que o teisto fornessido não com tenha erros hortográficos). Numa fase posterior, pedesse-lhe "Então, criançinha, agora escreve aí um teisto sem erros hortográficos." E, emendando a mão, como já pedesse-lhe para não dar erros, a criancinha não dá erros. A questão é saber se as pessoas (os cidadões, os eleitores, os profeçores, "a comonidade educativa") querem que os alunos saião da iscóla a produzir abundãnssia de erros hortográficos, ou seja, se os erros hortográficos não téêm importânssia nenhuma - ou se tem. Não entendo como os alunos podem amostrar "que comprenderam" um teisto, eisplicando-o sem interesar a cantidade de erros hortográficos. Em primeiro lugar porque um erro hortográfico é um erro hortográfico, e não deve de haver desculpas. Em segundo lugar, porque obrigar um profeçor a deixar passar em branco os erros hortográficos é uma injustiça e um pressedente grave, além de uma desautorizassão do trabalho que fizeram nas aulas. Depois, porque se o gabinete de avaliassão do Menistério quer saber como vão os alunos em matéria de competenssias, que trate de as avaliar com os instromentos que tem há mão sem desautorisar ou humilhar os profeçores. Peçoalmente, comprendo a intensão. Sei que as provas de aferissão não contam para nota e hádem, mais tarde, ser modificadas. Paço a paço, a hortografia háde melhorar.
Francisco José Viegas escreve no JN, semanalmente, às segundas-feiras
http://jn.sapo.pt/2007/06/04/opiniao/omenagem_a_hortografia.html

terça-feira, maio 22, 2007

O diagnóstico do Dr. Moore está a ser investigado nos EUA

20.05.2007, Vasco Câmara, em Cannes:

Michael Moore mostrou em Cannes o seu novo documentário, Sicko - entre "sick" e "psycho". É uma viagem pelos sistemas de saúde, incluíndo o de Cuba. E por isso, os americanos querem fazer perguntas. Como é que Moore chegou a Havana? Violou o embargo? Vai pagar multa ou ser preso?Há dez dias Michael Moore recebeu uma notificação do governo americano informando-o dos seus direitos: está sob investigação.Até terça-feira tem que responder perante o Departamento de Tesouro americano. Questão fundamental que tem de explicar: como é que viajou até Cuba, durante a rodagem do seu novo documentário, Sicko, violando o embargo imposto pelos EUA que proíbe, sem autorização expressa, o fluxo de pessoas e bens para a ilha de Fidel.Espera-o então uma "tempestade" nos EUA, na próxima semana, reconhece. Pode enfrentar uma "multa ou uma pena de prisão". Podem-lhe ("mas nem sequer pensei sobre isso") impedir a estreia do filme nos EUA, marcada para 29 de Junho. Aliás, antes que a Administração americana tivesse ideias, Moore e os produtores colocaram a salvo algures na Europa uma cópia de Sicko, caso o filme fosse apreendido antes da exibição, ontem, no Festival de Cannes."Não são coisas que encare de ânimo leve, acreditem", disse, solene, perante uma sala de conferência de imprensa a abarrotar. Uma sala onde se viam jornalistas a levar as mãos aos dentes. Não eram dores, mas era uma memória dolorosa. Eram americanos a explicar aos colegas europeus como uma simples reconstituição dental custa mais de mil dólares nos EUA. Europeus acenavam que sim, também tinham histórias para contar sobre hospitais americanos. Certamente nada comparável às que são contadas em Sicko.Aquela do homem que cortou a cabeça de dois dedos numa serra eléctrica e que teve de escolher, por imposição da seguradora, qual delas é que queria ver reconstituída - só tinha direito a cobertura para um dedo.Ou a da rapariga que teve um acidente de carro e quando recuperou a consciência no hospital percebeu que a seguradora não lhe ia pagar nada porque ela não lhes comunicara antecipadamente que precisava de ser socorrida. "Como é que queriam que eu fizesse? Imediatamente antes de desmaiar?"Ou ainda o caso da mulher de 22 anos que teve um cancro mas não teve ajuda da seguradora para os tratamentos porque aos 22 anos não é normal ter-se cancro - quer dizer, é um luxo.No sistema de saúde americano, explica Moore, não há intervenção do Estado e os doentes são um estorvo para empresas privadas, as seguradoras. Que tratam não de doentes mas da maximização dos lucros. "Isso não é moral, isso não pode acontecer numa sociedade de hoje, não pode acontecer no país mais rico do mundo", diz o realizador. E faz de Sicko - de "sick", um sistema de saúde para tratar doentes, a "psycho", um labirinto de paranóia - uma viagem por um mundo cor-de-rosa. O "nosso", dos não "born in the USA".O Canadá ou Europa, por exemplo, onde o realizador - e isto é mesmo para americano ver - pinta uma situação ideal, onde todos, nacionais e estrangeiros, estão no céu com o Estado. Não devemos esquecer que Moore filma para a América dos multiplexes, não quer que ninguém se aborreça na sala de cinema. E quer que o mundo seja compreendido, nem que para isso tenha que ser simplificado. "É claro que sou eu, americano, a olhar. Vocês podem ter muitas queixas a fazer sobre o sistema de saúde dos vossos países. Mas algum de vocês trocaria o sistema de saúde do vosso país pelo americano?" "Não", disseram vários.Novo espíritoMas não é Paris, nem é o Canadá que preocupam o departamento de Tesouro americano. É Cuba. Antes de aí chegar, Michael Moore pegou num grupo de pessoas com doenças respiratórias devido à exposição a resíduos tóxicos quando limpavam o Ground Zero de Manhattan. Queria levá-las à base americana de Guantánamo. Porquê? Queria provar que "até a Al-Qaeda" tinha melhores condições de saúde do que os americanos - imagine-se, do que os "heróis" americanos do 11 de Setembro.Largou de barco de Miami, não conseguiu entrar na prisão de Guantánamo. Mas Havana era ali ao lado. "Eu sou americano, a América é um país livre, posso ir onde quiser." E foi. E o seus doentes, que há anos se sentem derrotados nos labirintos do sistema de saúde americano, encontraram tratamento de borla. E a solidariedade dos bombeiros cubanos para com os bombeiros americanos heróis do 11 de Setembro. Houve um abraço entre os que pertencem a nações inimigas. As maleitas foram controladas. Imagine-se, num país comunista.A demagogia é reconhecível. E também a eficácia (várias vezes a sala do Palais des Festivals aplaudiu durante a projecção de Sicko). Ele é daqueles que acredita que demasiadas subtilezas dificultam o efeito de reconhecimento. Mas está diferente.Não aparece, por exemplo, a encurralar empresários ou congressistas, a estabelecer as suas próprias regras para um combate que os seus opositores não conhecem (os seus métodos foram muito criticados nos últimos anos, depois da Palma de Ouro de Cannes a Fahrenheit 9/11). Moore vira-se aqui para os americanos e devolve-lhes a bola. "Quis fazer uma coisa diferente. Não quero ser aquele Michael Moore que "bate" no congressista. Não quero ser eu a fazer as coisas, quero que sejam os americanos a levantarem-se e a fazer as coisas" - aliás, ele pergunta e deixa que respondam no filme: porque é que os franceses se manifestam tanto ("em França o governo tem medo do povo") e nos EUA isso não acontece ("os americanos têm medo do governo")?"Estive discreto a fazer este filme, há dois anos e meio que não apareço na televisão americana. Estou cansado de gritar e não chegar a lado nenhum. Este filme tem um espírito diferente, por isso disse à direcção do festival que não queria estar em competição. Já ganhei uma Palma de Ouro, será que quero outra? Não, pelo menos não por este filme, não é esse o espírito."E como podia ser considerado hipocrisia fazer um filme sobre a saúde e tratar o corpo da forma como trata, Michael Moore começou a andar muito mais à volta do quarteirão. "E a comer essas coisas, frutas e legumes." Diz que emagreceu. Não é gritante. Daqui a uns anos, quando estiver em Cannes com outro filme, vamos ver uma delgada silhueta a avançar e dizer "I want my Palme d"Or"? Achamos que o próprio Michael Moore tem dúvidas. O que é certo é que na próxima semana vai haver "tempestade".


sexta-feira, maio 11, 2007

O PROFESSOR QUE SÓCRATES NÃO CONHECIA, NÃO CONHECEU NEM QUER OUVIR FALAR

O PROFESSOR QUE SÓCRATES NÃO CONHECIA, NÃO CONHECEU NEM QUER OUVIR FALAR

CHAMA –SE ANTÓNIO JOSÉ MORAIS E É ENGENHEIRO A SÉRIO ; DAQUELES RECONHECIDOS PELA ORDEM (não é uma espécie de Engenheiro, como diria Gato Fedorento ) .

O António José Morais é primo em primeiro grau da Dr.ª Edite Estrela. É um transmontano tal como a prima que também é uma grande amiga do Eng.º Sócrates . Também é amigo de outro transmontano, licenciado também pela INDEPENDENTE - o DR. Armando Vara - antigo caixa da Caixa Geral de Depósitos e actualmente Administrador da Caixa Geral de Depósitos, grande amigo do Eng.º Sócrates e da Dr.ª Edite Estrela.

O Eng. Morais trabalhou no prestigiado LNEC ( Laboratório Nacional de Engenharia Civil) , só que devido ao seu elevado empreendedorismo canalizava trabalhos destinados ao LNEC, para uma empresa em que era parte interessada.
Um dia foi convidado a sair pela infeliz conduta .

Trabalhou para outras empresas entre as quais a HIDROPROJECTO e pelas mesmas razões foi convidado a sair.

Nesta sua fase de consultor de reconhecido mérito trabalhou para a Câmara da Covilhã aonde vendeu serviços requisitados pelo técnico Eng. Sócrates.

Daí nasce uma amizade.

É desta amizade entre o Eng. da Covilhã e o Eng. Consultor que se dá a apresentação do Eng. Sócrates à Dr.ª Edite Estrela , proeminente deputada e dirigente do Partido Socialista.

E assim começa a fulgurante ascensão do Eng. Sócrates no Partido Socialista de Lisboa apadrinhada pela famosa Dr.ª Edite Estrela , ainda hoje um vulto extremamente influente no núcleo duro do líder socialista.

À ambição legitima do politico Sócrates era importante acrescentar a licenciatura.

Assim o Eng. Morais , já professor do prestigiado ISEL ( Instituto Superior de Engenharia de Lisboa ) passa a contar naquela Universidade com um prestigiado aluno – José Sócrates Pinto de Sousa , bacharel .

O Eng. Morais demasiado envolvido noutros projectos faltava amiúdes vezes ás aulas e naturalmente foi convidado a sair daquela docência.

Homem de grande espírito de iniciativa , rapidamente colocou-se na Universidade Independente .

Aí o seu amigo bacharel José Sócrates, imensamente absorvido na politica e na governação seguiu – o “ porque era a escola ,mais perto do ISEL que encontrou “.

E assim se licenciou , tendo como professor da maioria das cadeiras (logo quatro) o desconhecido mas exigente Eng. Morais . E ultrapassando todas as dificuldades , conseguindo ser ao mesmo tempo Secretário de Estado e trabalhador estudante licencia-se , e passa a ser Engenheiro, á revelia da maçadora Ordem dos Engenheiros, que segundo consta é quem diz quem é Engenheiro ou não, sobrepondo – se completamento ao Ministério que tutela o ensino superior.

(Diga-se que esta circunstância não faz nenhum sentido; se é a Ordem que determina quem tem aptidão para ser Engenheiro devia ser a Ordem a aprovar os Cursos de Engenharia . Vai daí o Ministério da Ciência e ensino supeior decidiu que os cursos deveriam ser homologados por uma entidade independente às associações de classe e ordens porque actualmente o sistema é "esquizofrénico")

Eis que licenciado o governante há que retribuir o esforço do HIPER MEGA PROFESSOR, que com o sacrifício do seu próprio descanso deve ter dado aulas e orientado o aluno a horas fora de normal , já que a ocupação de Secretário de Estado é normalmente absorvente .

E ASSIM FOI:

O amigo Vara , também secretário da Administração Interna coloca o Eng. Morais como Director Geral no GEPI , um organismo daquele Ministério.
O Eng. Morais, um homem cheio de iniciativa , teve que ser demitido devido a adjudicações de obras não muito consonantes com a lei e outras trapalhadas na Fundação de Prevenção e Segurança fundada pelo Secretário de Estado Vara .
( lembram - se que foi por causa dessa famigerada Fundação que o Eng. Guterres foi obrigado a demitir o já ministro Vara (pressões do Presidente Sampaio ) , o que levou ao corte de relações do DR. Vara com o DR. Sampaio – consta – se até que o DR. Vara nutre pelo ex Presidente um ódio de estimação.

O Eng. Guterres farto que estava do Partido Socialista aproveita a derrota nas autárquicas e dá uma bofetada de luva branca no Partido Socialista e manda-os todos para o desemprego.

Segue-se o DR. Durão Barroso e o DR. Santana Lopes que não se distinguem em praticamente nada de positivo e assim volta o Partido Socialista comandado pelo Eng. Sócrates E GANHA AS ELEIÇÕES COM MAIORIA ABSOLUTA.
Eis que, amigo do seu amigo é , e vamos dar mais uma oportunidade ao Morais , que o tipo não é para brincadeiras.

E o Eng. Morais é nomeado Presidente do Instituto de Gestão Financeira do Ministério da Justiça .

O Eng. Morais homem sensível e de coração grande , tomba de amores por uma cidadã brasileira que era empregada num restaurante no Centro Comercial Colombo.

E como a paixão obnubila a mente e trai a razão nomeia a “brasuca “ Directora de Logística dum organismo por ele tutelado a ganhar 1600 € por mês. Claro que ia dar chatice, porque as habilitações literárias (outra vez as malfadadas habilitações ) da pequena começaram a ser questionadas pelo pessoal que por lá circulava.
Daí a ser publicado no “ 24 HORAS” foi um ápice.
E ASSIM lá foi o apaixonado Eng. Morais despedido outra vez.

Quando se começou a levantar uma aura de mistério sobre as habilitações do Engenheiro Civil ou Engenheiro Técnico e descobriu onde o Primeiro Ministro tirou a licenciatura, o Ministro da Ciência e Ensino Superior conseguiu acabar com o Estatuto de utilidade Pública que fundamenta a continuidade da Independente como Universidade sem nunca ter tido condições materiais para cumprir condignamente a sua missão, mas continuando.

TIREM AS VOSSAS CONCLUSÕES

quinta-feira, outubro 26, 2006

O Deve e O Haver

Confrontem-se as seguintes fontes:

" Portugal vale a pena

Eu conheço um país que tem uma das mais baixas taxas de mortalidade de recém-nascidos do mundo, melhor que a média da União Europeia.
Eu conheço um país onde tem sede uma empresa que é líder mundial de tecnologia de transformadores.
Mas onde outra é líder mundial na produção de feltros para chapéus. Eu conheço um país que tem uma empresa que inventa jogos para telemóveis e os vende para mais de meia centena de mercados.
E que tem também outra empresa que concebeu um sistema através do qual você pode escolher, pelo seu telemóvel, a sala de cinema onde quer ir, o filme que quer ver e a cadeira onde se quer sentar.
Eu conheço um país que inventou um sistema biométrico de pagamentos nas bombas de gasolina e uma bilha de gás muito leve que já ganhou vários prémios internacionais.
E que tem um dos melhores sistemas de Multibanco a nível mundial, onde se fazem operações que não é possível fazer na Alemanha, Inglaterra ou Estados Unidos. Que fez mesmo uma revolução no sistema financeiro e tem as melhores agências bancárias da Europa (três bancos nos cinco primeiros).
Eu conheço um país que está avançadíssimo na investigação da produção de energia através das ondas do mar. E que tem uma empresa que analisa o ADN de plantas e animais e envia os resultados para os clientes de toda a Europa por via informática.
Eu conheço um país que tem um conjunto de empresas que desenvolveram sistemas de gestão inovadores de clientes e de stocks, dirigidos a pequenas e médias empresas.
Eu conheço um país que conta com várias empresas a trabalhar para a NASA ou para outros clientes internacionais com o mesmo grau de exigência. Ou que desenvolveu um sistema muito cómodo de passar nas portagens das auto-estradas. Ou que vai lançar um medicamento anti-epiléptico no mercado mundial. Ou que é líder mundial na produção de rolhas de cortiça. Ou que produz um vinho que "bateu" em duas provas vários dos melhores vinhos espanhóis.
E que conta já com um núcleo de várias empresas a trabalhar para a Agência Espacial Europeia. Ou que inventou e desenvolveu o melhor sistema mundial de pagamentos de cartões pré-pagos para telemóveis. E que está a construir ou já construiu um conjunto de projectos hoteleiros de excelente qualidade um pouco por todo o mundo.
O leitor, possivelmente, não reconhece neste País aquele em que vive - Portugal.
Mas é verdade. Tudo o que leu acima foi feito por empresas fundadas por portugueses, desenvolvidas por portugueses, dirigidas por portugueses, com sede em Portugal, que funcionam com técnicos e trabalhadores portugueses.
Chamam-se, por ordem, Efacec, Fepsa, Ydreams, Mobycomp, GALP, SIBS, BPI, BCP, Totta, BES, CGD, Stab Vida, Altitude Software, Primavera Software, Critical Software, Out Systems, WeDo, Brisa, Bial, Grupo Amorim, Quinta do Monte d'Oiro, Activespace Technologies, Deimos Engenharia, Lusospace, Skysoft, Space Services. E, obviamente, Portugal Telecom Inovação. Mas também dos grupos Pestana, Vila Galé, Porto Bay, BES Turismo e Amorim Turismo.
E depois há ainda grandes empresas multinacionais instaladas no País, mas dirigidas por portugueses, trabalhando com técnicos portugueses, que há anos
e anos obtêm grande sucesso junto das casas mãe, como a Siemens Portugal, Bosch, Vulcano, Alcatel, BP Portugal, McDonalds (que desenvolveu em Portugal um sistema em tempo real que permite saber quantas refeições e de que tipo são vendidas em cada estabelecimento da cadeia norte-americana).
É este o País em que também vivemos.
É este o País de sucesso que convive com o País estatisticamente sempre na cauda da Europa, sempre com péssimos índices na educação, e com problemas na
saúde, no ambiente, etc.
Mas nós só falamos do País que está mal. Daquele que não acompanhou o progresso. Do que se atrasou em relação à média europeia.
Está na altura de olharmos para o que de muito bom temos feito. De nos orgulharmos disso. De mostrarmos ao mundo os nossos sucessos - e não invariavelmente o que não corre bem, acompanhado por uma fotografia de uma velhinha vestida de preto, puxando pela arreata um burro que, por sua vez, puxa uma carroça cheia de palha. E ao mostrarmos ao mundo os nossos sucessos, não só futebolísticos, colocamo-nos também na situação de levar muitos outros portugueses a tentarem replicar o que de bom se tem feito.
Porque, na verdade, se os maus exemplos são imitados,porque não hão-de os bons serem também seguidos? "

Nicolau Santos, Director - adjunto do Jornal Expresso In Revista Exportar

2.º texto:

Isto é apenas uma gota no OCEANO chamado Portugal!


Tudo o que vai aparecer neste texto não é ficção! Acontece em Portugal. País com regime democrático à beira mar plantado. Vamos lá...

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Demorou até um pouco para ver se não dava nas vistas. Mas a Festa continua .......Segundo a revista Focus (pág.25 ), a EDP conta com um novo assessor jurídico. Foi nomeado pelo ex-ministro António Mexia (actual presidente executivo da EDP) e vai ganhar cerca de EUR 10.000/mês.Quem é ele?Perguntam vocês... Pensem um pouco... Mais um bocadinho...Não era fácil...:
- Pedro Santana Lopes (MAIS UM JOB)

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A opinião pública é fabricada por quem? Penso que todos somos influenciados pela COMUNICAÇÃO SOCIAL.

ESTÃO TODOS CALADINHOS, PORQUÊ ????????????????Subsistema de Saúde dos Jornalistas.Por que será que andam caladinhos? Objectividade da análise jornalística? Porque é preciso ter os jornalistas na mão....O subsistema de saúde "dos fazedores de opinião" é INTOCÁVEL!!!A Caixa de Previdência e Abono de Família dos Jornalistas é dirigida por uma comissão administrativa cuja presidente é a mãe do ministro António Costa e do Director-Adjunto da Informação da SIC, Ricardo Costa (Maria Antónia Palla Assis Santos - como não tem o "Costa", passa despercebida...).O Ministro José António Vieira da Silva declarou, em Maio último, que esta Caixa manteria o mesmo estatuto!Isso inclui regalias e compensações muito superiores às vigentes na função pública (ADSE), SNS e os outros subsistemas de saúde.É só consultar a tabela de reembolsos anexa.... Mas este escândalo não será divulgado pela comunicação social, porque é parte interessada (interessadíssima!!!) pelo há que o divulgar ao máximo por esta via!!!

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Era a manchete do Expresso e custa acreditar. A nossa petrolífera tem vindo a ser albergue de parasitas e toca de incompetentes. Veja-se:Um quadro superior da GALP, admitido em 2002, saiu com uma indemnização de 290.000 euros, em 2004. Tinha entrado na GALP pela mão de António Mexia e saiu de lá para a REFER, quando Mexia passou a ser Ministro das O.P. e Transportes...O filho de Miguel Horta e Costa, recém licenciado, entrou para lá com 28 anos e a receber, desde logo, 6600 euros mensais.Freitas do Amaral foi consultor da empresa, entre 2003 e 2005, por 6350 euros/mês, além de gabinete e seguro de vida no valor de 70 meses de ordenado.Manuel Queiró, do PP, era administrador da área de imobiliário(?) 8.000euros/mês.A contratação de um administrador espanhol passou por ser-lhe oferecido 15 anos de antiguidade (é o que receberá na hora da saída),pagamento da casa e do colégio dos filhos, entre outras regalias.Guido Albuquerque, cunhado de Morais Sarmento, foi sacado da ESSO para a GALP. Custo: 17 anos de antiguidade, ordenado de 17.400 euros e seguro de vida igual a 70 meses de ordenado.Ferreira do Amaral, presidente do Conselho de Administração. Um cargo não executivo(?) era remunerado de forma simbólica: três mil euros por mês, pelas presenças. Mas, pouco depois da nomeação, passou a receber PPRs no valor de 10.000 euros, o que dá um ordenado "simbólico" de 13.000 euros...
Outros exemplos avulsos: Um engenheiro agrónomo que foi trabalhar para a área financeira a 10.000 euros por mês; A especialista em Finanças que foi para Marketing por 9800 euros/mês... Neste momento, o presidente da Comissão executiva ganha 30.000 euros e os vogais 17.500. Com os novos aumentos, Murteira Nabo passa de 15.000 para
20.000 euros mensais.A GALP é o que é, não por culpa destes senhores, mas sim dos amigos que ocupam, à vez, a cadeira do poder. É claro que esta atitude, emula do clássico "é fartar, vilanagem", só funciona porque existe uma inenarrável parceria GALP/Governo. Esta dupla, encarregada de "assaltar" o contribuinte português de cada vez que se dirige a uma bomba de gasolina, funciona porque metade do preço de um litro de combustível vai para a empresa e, a outra metade, para o Governo. Assim, este dream team à moda de Portugal, pode dar cobertura a um bando de sanguessugas que não têm outro mérito senão o cartão de militante. Ou o pagamento de um qualquer favor político...Antes sustentar as gasolineiras espanholas que estão no mercado do que estes vampiros!!!

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Assunto:PESO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS NA POPULAÇÃO ACTIVA ( Dados de 2004)
(Fonte EUROSTAT, publicado no Correio da Manhã)
Suécia .. 33,3%
Dinamarca ..30,4%
Bélgica .. 28,8%
Reino Unido ..27,4%
Finlândia ..26,4%
Holanda .. 25,9%
França .. 24,6%
Alemanha .. 24%
Hungria .. 22%
Eslováquia ..21,4%
Áustria .. 20,9%
Grécia .. 20,6%
Irlanda .. 20,6%
Polónia .. 19,8%
Itália .. 19,2%
República Checa ..19,2%
PORTUGAL .. 17,9%
Espanha .. 17,2%
Luxemburgo .. 16%
Não há pois funcionários públicos a mais. Há sim uma distribuição não correcta, o que faz com que haja sectores em falta e outros em excesso.
Por exemplo, a reforma administrativa que, sem dúvidas, urge fazer-se, deverá começar por mudar a realidade dos dados que nos indicam que cada ministro deste e de outros governos tem, para seu serviço pessoal e sob as suas ordens directas, uma média de 136 pessoas (entre secretários e subsecretários de estado, chefes de gabinete, funcionários do gabinete, assessores, secretárias e motoristas) e 56 viaturas, apenas CINCO vezes mais que no resto da Europa.
Há políticos e governantes que querem a diminuição cega dos quadros apenas para que as empresas privadas de seus amigos e padrinhos possam ser contratadas para fazer serviços públicos ("Outsourcing") e possam facturar muito.
Finalmente, o contraste entre o destaque dado pela comunicação social controlada e até corrupta.
Se serviu para alguma coisa, o «programa dos Prós» da RTP de 22 de Maio, foi que, quando as comadres se zangam, sabem-se as verdades. E a verdade que saiu do programa da RTP foi que temos uma comunicação social corrupta e ao serviço de quem tem muito dinheiro.
Nestes dias, a ideia que mais uma vez a comunicação social vendeu à opinião pública, foi a da necessidade de 200 mil despedimentos na função pública.
Resulta que somos o 3º país da U.E. com menor percentagem de funcionários públicos na população activa.
A realidade sustentada por alguns governantes e ex-governantes, nada mostra quanto aos factos que estarão na base de tais afirmações, tão pouco se naqueles 200 mil, estarão os milhares de "boys" nomeados pelo mesmo sistema que os esses mesmos governantes construiram nos últimos 20 e alguns anos.
Assim se informa e se faz política em Portugal.


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Em Setembro de 2002 foi publicada na II Série do Diário da República a aposentação do Exmº. Senhor Juiz Desembargador Dr. José Manuel Branquinho de Oliveira Lobo, a quem foi atribuído o número de pensionista 438.881.

De facto, no dia 1 de Abril de 2002 o Dr. Branquinho Lobo havia sido sujeito a uma “Junta Médica” que, por força de uma doença do foro psiquiátrico, considerou a sua incapacidade para estar ao serviço do Estado, o que foi determinante para a sua passagem à aposentação.


De acordo com o disposto na alínea a) do nº.2 do artigo 37º do decreto-lei nº.498/72 de 9 de Dezembro, em caso de aposentação motivada por incapacidade ou doença, constitui regalia dos magistrados judiciais auferirem a sua pensão de aposentação por inteiro, como se tivessem todo o tempo de serviço para tal necessário.

Por esse motivo , o Dr. Branquinho Lobo passou a auferir uma pensão de aposentação no montante de € 5.320,00.
Contudo, por resolução proferida no dia 30 de Julho de 2004, o Conselho de Ministros do Governo do Dr. Pedro Santana Lopes nomeou o Dr. Branquinho Lobo como Director Nacional da Polícia de Segurança Pública.

Desde então, o Dr. Branquinho Lobo acumula a sua pensão de aposentação por incapacidade com o vencimento de Director Nacional da P.S.P.

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Depois de apresentar este texto só posso dizer que tenho vergonha de ser português em Portugal. Gostava de viver numa verdadeira Democracia!

- Todos com o mesmo sistema de saúde;
- Todos a pagarem impostos;
- Todos a terem reformas merecidas e justas;
- Todos com o mesmo sistema de Justiça e não um para os ricos (intocáveis) e outro para os pobres;
- Etc...

Peço a quem ler esta mensagem que divulgue e que se tiver conhecimento de mais casos que me envie para eu compilar tudo para mostrar a todos o país onde vivemos.

tiago.lab@gmail.com

Um abraço de um simples professor.

terça-feira, outubro 10, 2006

Manifesto Pró Pacheco Pereira

MANIFESTO PRÓ-PACHECO PEREIRA: Amaldiçoado seja o palerma que anda entretido a piratear o Abrupto – ou, se a maleita do blogue é devida a erro informático, maldito seja então esse amontoado defeituoso de zeros e uns. Que arda no Inferno a besta – humana ou cibernética – que ofereceu ao Pacheco Pereira a sua última glória: o martírio. Alguém quer calar o Pacheco Pereira. Porquê? Ninguém sabe. O Pacheco Pereira incomoda. Quem? Ninguém diz. Mas o bravo Pacheco Pereira persistiu, agarrado ao leme do blogue, e depois de tremer três vezes escreveu este post veemente. Veementemente escrito a negrito, para percebermos que o autor vocifera, e sublinhado a amarelo veementemente, para percebermos que o autor investe. Sobre quem? Ninguém percebe. Mas o leitor que não esteja preparado para tanta veemência em tão poucas linhas não deixará de se comover. Trata-se de um pequeno mas lancinante grito de insurreição em que a preposição “desde” (a mais insurrecta das preposições) é protagonista. “Desde o momento em que não sei quê”, principia Pacheco Pereira. Mas “desde o início da tarde que não sei que mais”, prossegue depois. Pelo meio recebeu mensagens de conforto, o que aproveita para agradecer “desde já”. No fim, a promessa que nenhum homem decente conseguirá ler sem que os olhos se lhe encham de água: “podem ter a certeza de que aconteça o que acontecer o Abrupto continuará. Não será por esta via que acabam com ele.” “Acabam”, diz ali. O sujeito permanece indeterminado, mas agora temos um plural. Eles. Ah, perniciosa matilha. Quem serão? Os comunistas, os socialistas, os próprios sociais-democratas? Os jornalistas, os informáticos, os benfiquistas? Os bombeiros, os travestis, os profissionais do sector dos lacticínios? Ninguém arrisca um palpite. E, de facto, que se saiba, o blog prossegue como dantes, de modo que não chegamos a perceber se é a mordaça que é reles e barata ou se é a boca do censurado que de modo nenhum se deixa amordaçar, tão forte é a verdade das suas palavras. Também pouco importa, que o mal está feito. Apetece sair para a rua e escrever nas paredes “Ninguém há-de calar a voz do Pacheco Pereira”. Perder o acesso ao Abrupto seria, para nós, pecadores do século XXI, perder o contacto com a santidade. Porque o Pacheco Pereira é uma espécie de Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência, mas de âmbito mais alargado: observa todos os males do Mundo. E, assim como não há toxicodependentes no Observatório Europeu, também não há mal do Mundo que toque, sequer de raspão, em Pacheco Pereira. Há males nos blogues – mas não no de Pacheco Pereira. Há males na política – mas não na que Pacheco Pereira faz. Há males nos jornais – mas não nas páginas em que Pacheco Pereira escreve. Muito santo tem um homem de ser para passar impoluto num mundo tão indecente. E, no entanto, abre-se o blog do Pacheco Pereira e fica-se com o computador a cheirar a éter. O Pacheco Pereira é um desses semideuses de que fala o Álvaro de Campos no “Poema em Linha Recta”. Nunca levou porrada, nunca foi ridículo, nunca fez vergonhas financeiras. O Pacheco Pereira não se espanta, não se aleija, não tropeça, não duvida, não hesita, não ri. O Pacheco Pereira não faz um gesto que não o enobreça, não tem um prazer que não o edifique, não cede a um vício que não seja, vendo bem, uma virtude.O Pacheco Pereira nunca escreve com as mãos sujas.O Pacheco Pereira é um homem carregado de sentido.Eu gostaria de adquirir uma viatura em segunda mão ao Pacheco Pereira.O Pacheco Pereira cheira magnificamente da boca.O Pacheco Pereira nu é belíssimo.O Pacheco Pereira é de tal forma superlativo que já merecia ser elogiado no Abrupto pelo Pacheco Pereira.O Pacheco Pereira publica opiniões de leitores: uns gostam imenso do que o Pacheco Pereira escreve; outros gostam ainda um pouco mais.O Pacheco Pereira propõe discussões que normalmente envolvem a elaboração de listas. E os leitores discutem e elaboram.De manhã, à hora a que a generalidade dos homens está a fazer a barba, o Pacheco Pereira está a pendurar poemas no blogue. E pendura-os com a mesma burocracia nos gestos com que os outros homens fazem a barba. Os homens não fazem comentários à barba e o Pacheco Pereira também não comenta os poemas. Os homens não se emocionam com a cara escanhoada e o Pacheco Pereira também não se emociona com os versos. Deus livre o Pacheco Pereira de ser tomado por uma das emoções humanas. O Pacheco Pereira exibe poemas como aqueles senhores, na rua, exibem os genitais. Abre a gabardina e mostra um soneto. Baixa as calças e revela uma ode.Os poemas são escolhidos pelo Pacheco Pereira, mas há quem diga que podiam ser escolhidos por uma máquina, sem diferenças no resultado final. Sinceramente, duvido. Não creio que a máquina conseguisse escolhê-los tão automaticamente.
Ricardo Araújo Pereira in
http://gatofedorento.blogspot.com/
22 de Julho de 2006